quinta-feira, 24 de maio de 2018

Carta aberta ao senhor presidente da CNTA, Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, Diumar Deléo Cunha Bueno.


Barueri, 24 de maio de 2018.

Carta aberta ao senhor presidente da CNTA, Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, Diumar Deléo Cunha Bueno.

Prezado senhor.
Nesse momento, em que os brasileiros que residem em território nacional, sentem os efeitos da paralisação que os caminhoneiros, principalmente os autônomos, fazem em todo o Brasil, entramos em contato com o senhor e a CNTA para expor o que segue abaixo:
Desde muito pequeno sou apaixonado por caminhões e pelo transporte rodoviário de cargas, e, em virtude dessa paixão, trabalhei quase 30 anos nesse setor, como embarcador e também como transportador, portanto adquiri expressiva experiência nesses anos.
Em 2014, resolvi empreender, e desenvolvi o Lucrei no Frete, aplicativo capaz de calcular todos os custos fixos e variáveis que um transportador terá, permitindo que ele tome a decisão correta, carregar a carga, caso haja lucro, ou deixá-la “no chão”, caso não haja prejuízo.
Esse aplicativo foi apresentado aos principais jornalistas do setor na FENATRAN de 2015, e a resposta foi muito boa, todos entenderam que ele seria de grande importância para o setor.
Logo depois, o aplicativo estava disponível e operacional no seguinte link:


Nesses quase três anos, conseguimos destaque nas principais mídias, inclusive em reportagens nos programas Pé na Estrada, com o jornalista Jaime Alves, e no programa Brasil Caminhoneiro, com o jornalista Fernando Richeti e contamos com um número expressivo de usuários.
Para sua apreciação, disponibilizamos abaixo os links com os vídeos, peço que veja ambos com atenção:



Entendemos que, conhecer o verdadeiro custo total para prestação de um serviço é fundamental para formação do preço de venda desse serviço, e por isso, nosso aplicativo tem grande importância.
Prezado, o transporte rodoviário de carga é serviço, e como tal, deve ter seu preço definido pelo acréscimo de margem de lucro, suficiente para cobrir as despesas e sobrar dinheiro, à soma dos custos fixos e variáveis.
Ainda preocupados em melhorar a vida dos caminhoneiros, em setembro de 2016, desenvolvemos algo que entendemos ser fundamental para atingir uma grande parcela desses trabalhadores, a Tabela Nacional de Custo de Frete.
Essa tabela é baseada em duas grandezas, os custos fixos, medidos em tempo, e os custos variáveis, medidos em distância.
Entendo que, baseado no custo médio que a tabela aponta, deva ser acrescida margem de lucro, maior em um sentido e menor em outro, mas, essa margem nunca deverá se negativa.
De lá para o começo de 2018, melhoramos nossa tabela e chegamos a um modelo que consideramos ideal.
A partir daí, iniciamos uma corrida para tentar disponibilizar essa tabela nas mãos dos caminhoneiros. Fizemos um orçamento para imprimir e distribuir nossa tabela, e os números não estão ao nosso alcance, cerda de R$150.000,00, cento e cinquenta mil reais.
Contatamos em fevereiro desse ano, jornalistas que são ativos na área e pedimos apoio, mas não obtivemos sucesso e o apoio pretendido, principalmente financeiro e na divulgação.
Contatamos então uma montadora de caminhões, também pedindo apoio financeiro, sem sucesso.
Contatamos ainda, em fevereiro de 2018, o CEO do mais importante grupo de mídia voltada aos caminhoneiros, detentor de duas revistas e de um programa televisivo, e ouvimos dele que a hora dessa publicação não era aquela.
Importante deixar claro que todos os contatos e documentos de nossa peregrinação estão a sua disposição para apreciação e análise.
Na segunda-feira, 21 de maio de 2018, no início da paralisação dos caminhoneiros, tivemos contato com sua Tabela Custo de Frete - Maio/2018, publicada em 15 de maio do mesmo ano.
Ficamos surpresos com a coincidência, afinal, a CNTA existe desde 2005 e nunca pensou em tal solução.
Analisando sua tabela, concluí que ela é falha, e não atende as necessidades dos caminhoneiros autônomos, mas, mesmo assim, ficamos extremamente felizes, pois sua publicação mostra que estamos no caminho certo, e que saímos à sua frente.
A razão do meu entendimento, só explico ao senhor ou a alguém de sua indicação.
Valor do Diesel é parte da solução e não depende de nós, definição de frete é outra parte, e só depende de nós.
Essa carta será publicada em todos os grupos de WhatsApp, Facebook e em outros que estejam ao alcance de caminhoneiros, bem como será enviada ao email comunicacao@cntabr.org.br e aos emails: imprensa@sestsenal.org.br, amanda@fenacat.org.br e contato@fecone.org.br.

Obrigado pela atenção.

Augusto Dantas
11 982 9560356

sábado, 19 de maio de 2018

Lucrei no Frete



Para divulgar meu aplicativo, o Lucrei no Frete, tenho visitado vários locais em que haja concentração de caminhoneiros autônomos.
Em minha vista ao Terminal de Cargas Fernão Dias no dia 23 de fevereiro de 2016, pude ter certeza de duas coisas, a primeira é como o frete está ruim, cheguei a ver um frete para truck, com exigência de rastreador e trava no baú, de São Paulo a Goiânia, sendo que, só em função de carga e descarga, seriam consumidas 48 horas, por R$2.100,00, detalhe, os pedágios estavam incluídos nesse valor.
Na ponta do lápis, serão cerca de R$745,41 de prejuízo, fora as despesas de refeições, café, pernoites, banhos, pedágio (que já estava incluso no valor) e outras que dependerão dos hábitos do motorista.
A segunda é que estou convicto que embarcadores ainda não atentaram para a calamidade que acontecerá em breve.
Autônomos deixarão o mercado, e logo, estes embarcadores dependerão, na maior parte, de grandes transportadores, aí, começará o maior de todos os problemas, e isso não é profecia, é lógica.
Com absoluta certeza, o frete subirá a níveis assustadores, tornando inviáveis grande parte dos pequenos negócios que dependem dos autônomos para levar seus produtos aos pontos consumidores, e elevará substancialmente o preço de insumos que dependem do caminhão em função da alta do frete, e esses insumos são 99,9% do que consumimos em nosso dia a dia.
A jornalista Paula Toco já havia atentado para o problema do “sumiço” dos motoristas em seu ótimo livro E Se Eles Sumirem?
“Chegar em casa, tomar um vinho e comer uma massa é um pequeno prazer do dia a dia, mas não seria possível desfrutá-lo se cada um tivesse que buscar sua própria massa na Itália, seu vinho na Argentina, os tomates do molho em Goiás e os móveis da casa em Minas Gerais. É para trazer e levar tudo que usamos no dia a dia que trabalham os caminhoneiros”.
Nunca o transportador autônomo de carga passou por situação tão difícil, fretes baixos e em número insuficiente, preço do Diesel, pneus e manutenção do veículo nas alturas e um eterno pagar...
O caminhoneiro paga para dormir, para tomar banho, para comer, para o chapa, para descarregar e carregar, para estacionar e procurar carga, para o agenciador, para ter registro na ANTT, muitas vezes, para a corrupção de quem deveria garantir a segurança nas estradas, paga o pedágio, que é responsabilidade do embarcador, e agora terá que pagar para fazer exame toxicológico, provando que não consume drogas.
E o que sobra para os caminhoneiros?
O que sobra, mal dá para sobreviver, quanto mais para fazer a manutenção, guardar para substituir seu veículo por um mais novo, ou fazer poupança para enfrentar alguma situação futura.
Nos próximos dois anos, muitos autônomos deixarão o mercado, alguns desistirão da profissão, outros quebrarão, outros ficarão com nomes sujos e não conseguirão mais carregar, e outros perderão seus caminhões, pois não conseguirão pagar as prestações.
Hoje, tem mais caminhão do que carga, o que empurra o frete para baixo.
E quem sobreviverá? Os que forem mais eficientes e os que conseguirem passar por esta crise, e, quando o número de autônomos diminuir, os que ficarem, se tornarão mais fortes, pois serão menos caminhões do que cargas, o que empurrará o frete para cima.
Economizar é fundamental, é preciso fazer o Diesel render o máximo possível, além de sempre procurar o melhor preço e o produto com mais qualidade. Cuidar dos pneus, fazendo com que eles rendam mais, e ter atenção especial com as carcaças para o recape seja eficiente e dure mais.
Preparar seu próprio alimento, economizando nas refeições. Pesquisar os preços antes de comprar produtos e serviços. Se programar para tentar abastecer nos postos onde irá dormir e pernoitar, aproveitando o banho e pernoite grátis para clientes que abastecem.
Fazerem parte de associações, que possibilitem acesso a bens e serviços com preços mais baixos.
Além disso, saber exatamente quanto sobrará ou faltará no frete antes de dizer sim é fundamental para continuar no mercado.
Salário e encargos, reposição do veículo, remuneração mensal sobre o capital empatado, IPVA, DPVAT e licenciamento, seguro do Equipamento e de responsabilidade civil facultativo, esses são os itens que representam os custos fixos, que você terá que pagar mesmo com o caminhão parado.
Você sabia que nas viagens médias, com cerca de 1.000 km, os custos fixos representam quase a metade de todos os custos?
Combustível, pneus e recapagens, lubrificantes do motor, lubrificantes da transmissão, lubrificantes do diferencial, lavagem e graxas, peças, material de manutenção e acessórios.
Estes são os custos variáveis, e eles aumentam à medida que o caminhão roda mais, podendo chegar a mais de 60% nas viagens mais longas.
Caminhão é um negócio, e como qualquer negócio, para que tenha futuro, é preciso dar lucro.
Você é capaz de calcular todas estas variáveis antes de dizer sim a uma proposta de frete?
Se a resposta for não, você precisa rever com urgência seu negócio, ou se preparar para procurar outra atividade, pois você fará parte dos que deixarão de ser autônomos.
www.lucreinofrete.com.br, garantido o lucro do seu frete.
Proteção divina a todos, nos vemos na próxima edição.
Abril de 2016.

Entenda como a falta de eficiência para solucionar o chamado “custo Brasil” pode desencadear em uma série de graves problemas para a economia nacional


Entenda como a falta de eficiência para solucionar o chamado “custo Brasil” pode desencadear em uma série de graves problemas para a economia nacional

Venho atuando no transporte rodoviário de cargas nos últimos 22 anos, porém, tenho estudado o tema por pelo menos 35 anos. Em março de 2012, escrevi o texto “Os Grandes Entraves no Transporte Rodoviário de Cargas”, publicado originalmente pelo portal de notícias Transpoonline.
Nesse texto, fiz um alerta para os nove maiores problemas que o transporte rodoviário de cargas enfrentava: excessivo número de empresas no setor; “comoditização” do produto transporte; má conservação das estradas; roubo de cargas; pesada carga tributária; pouca carga de retorno; avançada idade da frota; altos tempos para carga e descarga e excesso de peso. Não pretendo explicá-los novamente, basta acessar e ler o texto.
http://papodeboleia.blogspot.com.br/2014/02/os-grandes-entraves-no-transporte.html
O Brasil está muito próximo de um colapso total no transporte rodoviário de cargas (TRC). Um dos maiores problemas do país é a distribuição desigual do PIB, o que obriga o envio de grandes volumes de mercadorias do Sul e Sudeste em direção ao Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sem que existam os mesmos volumes em sentido inverso. Isso causa um desequilíbrio de veículos que, muitas vezes, ficam dias parados a espera de cargas, ou retornam com fretes que não cobrem os mais básicos custos.
apenas 17,63% do território brasileiro. Devemos ainda levar em consideração que, na região Centro-Oeste, grande parte de seu PIB é formado pelo agronegócio, já que a região produz 41% dos grãos brasileiros, escoados parte por transporte ferroviário,
e parte por caminhões graneleiros. Muitas vezes, trabalham com ciclo perfeito, levando adubo ou fertilizantes em um sentido e voltando com grãos no outro, deixando parados os baús, necessários para o transporte de alimentos dos estados do Sul e Sudeste para a região.
Na região Norte, a exceção é o Estado do Amazonas, que tem o ciclo invertido em função da Zona Franca de Manaus. Devido à sua baixa densidade demográfica, exige pouca carga saída do Sul e Sudeste e necessita de grande volume de caminhões,
sobretudo baús, saindo em direção às outras regiões. Já o Pará tem seu PIB reforçado em função da produção de minério de ferro, movimentado exclusivamente pelo modal ferroviário, sendo comum caminhões ficarem dias parados aguardando carga. Os outros estados da região também apresentam sérios problemas de desequilíbrio no TRC.
Como se não bastasse, o “motor” do TRC, o diesel, tem sido reajustado acima dos outros combustíveis. De acordo com a ANP, em janeiro de 2002 o preço médio da gasolina no Sudeste era de R$1,354 e o do diesel era de R$0,735, ou seja, o Diesel.
O que é preciso?
Renovar a frota com urgência, com juros subsidiados e longos prazos de pagamento, com seis meses de carência após recebimento do veículo e implemento. O BNDES existe para impulsionar negócios dentro do Brasil. A idade média da frota nas mãos dos autônomos é superior a 17 anos e, quanto mais velho é o veículo, maior o custo para mantê-lo rodando.
Portanto, os mais velhos devem receber o benefício primeiro.
A ANTT deve rever todos os registros de TAC, que deve ser dado somente para autônomos. E só é possível ser autônomo quando se tem um único veículo e o motorista é o proprietário.
Somente deveria ser concedido um registro de TAC por CPF.
Se um único CPF tem vários registros de TAC, deve ser forçado a migrar para ETC, com todas as obrigações, fiscais e trabalhistas. É preciso deixar claro, TAC é TAC e ETC é ETC. O Ministério do Trabalho deve criar meios de fiscalizar a falta de registro em CTPS dos trabalhadores no TRC, principalmente os que dirigem veículos com registro de TAC na ANTT e não são os donos destes veículos.
Deve somente conceder novos registros para transportadores se o interessado provar que tem conhecimento técnico para exercer atividade no setor, que precisa se profissionalizar com urgência. Fazer com que a Lei nº 10.209, ou Lei do Vale Pedágio seja cumprida. Se o Estado é ativo para fiscalizar o que o onera, deve ser também ativo para fiscalizar o que onera o trabalhador.
A criação de cursos técnicos de ensino médio públicos para a formação de Técnicos na Condução de Veículos de Transporte, preparando jovens para se tornarem futuros gestores na condução de veículos de cargas, é algo realmente importante e necessário.
Também é imprescindível a recuperação imediata da malha rodoviária, fiscalização do excesso de peso e da jornada de trabalho, incentivo à iniciativa privada para criação e
manutenção de espaços de descanso, desassociados dos postos de abastecimentos ao longo das rodovias, com controle de entrada de veículos e pessoas, prestação de serviços diversos e com cobrança de valores viáveis. Entendo que as
medidas citadas amenizarão e retardarão o iminente colapso.
Sra. Presidente, Sr. Ministro, é preciso olhar o TRC com imensa atenção, já que este representa mais de 61% de toda carga transportada, de acordo com a CNT, e seu fortalecimento é crucial para o Brasil.
Muito obrigado.

Caminhoneiros, greve e tabela de frete, essa é a solução?


Entenda como a falta de eficiência para solucionar o chamado “custo Brasil” pode desencadear em uma série de graves problemas para a economia nacional

Venho atuando no transporte rodoviário de cargas nos últimos 22 anos, porém, tenho estudado o tema por pelo menos 35 anos. Em março de 2012, escrevi o texto “Os Grandes Entraves no Transporte Rodoviário de Cargas”, publicado originalmente pelo portal de notícias Transpoonline.
Nesse texto, fiz um alerta para os nove maiores problemas que o transporte rodoviário de cargas enfrentava: excessivo número de empresas no setor; “comoditização” do produto transporte; má conservação das estradas; roubo de cargas; pesada carga tributária; pouca carga de retorno; avançada idade da frota; altos tempos para carga e descarga e excesso de peso. Não pretendo explicá-los novamente, basta acessar e ler o texto.
http://papodeboleia.blogspot.com.br/2014/02/os-grandes-entraves-no-transporte.html
O Brasil está muito próximo de um colapso total no transporte rodoviário de cargas (TRC). Um dos maiores problemas do país é a distribuição desigual do PIB, o que obriga o envio de grandes volumes de mercadorias do Sul e Sudeste em direção ao Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sem que existam os mesmos volumes em sentido inverso. Isso causa um desequilíbrio de veículos que, muitas vezes, ficam dias parados a espera de cargas, ou retornam com fretes que não cobrem os mais básicos custos.
apenas 17,63% do território brasileiro. Devemos ainda levar em consideração que, na região Centro-Oeste, grande parte de seu PIB é formado pelo agronegócio, já que a região produz 41% dos grãos brasileiros, escoados parte por transporte ferroviário,
e parte por caminhões graneleiros. Muitas vezes, trabalham com ciclo perfeito, levando adubo ou fertilizantes em um sentido e voltando com grãos no outro, deixando parados os baús, necessários para o transporte de alimentos dos estados do Sul e Sudeste para a região.
Na região Norte, a exceção é o Estado do Amazonas, que tem o ciclo invertido em função da Zona Franca de Manaus. Devido à sua baixa densidade demográfica, exige pouca carga saída do Sul e Sudeste e necessita de grande volume de caminhões,
sobretudo baús, saindo em direção às outras regiões. Já o Pará tem seu PIB reforçado em função da produção de minério de ferro, movimentado exclusivamente pelo modal ferroviário, sendo comum caminhões ficarem dias parados aguardando carga. Os outros estados da região também apresentam sérios problemas de desequilíbrio no TRC.
Como se não bastasse, o “motor” do TRC, o diesel, tem sido reajustado acima dos outros combustíveis. De acordo com a ANP, em janeiro de 2002 o preço médio da gasolina no Sudeste era de R$1,354 e o do diesel era de R$0,735, ou seja, o Diesel.
O que é preciso?
Renovar a frota com urgência, com juros subsidiados e longos prazos de pagamento, com seis meses de carência após recebimento do veículo e implemento. O BNDES existe para impulsionar negócios dentro do Brasil. A idade média da frota nas mãos dos autônomos é superior a 17 anos e, quanto mais velho é o veículo, maior o custo para mantê-lo rodando.
Portanto, os mais velhos devem receber o benefício primeiro.
A ANTT deve rever todos os registros de TAC, que deve ser dado somente para autônomos. E só é possível ser autônomo quando se tem um único veículo e o motorista é o proprietário.
Somente deveria ser concedido um registro de TAC por CPF.
Se um único CPF tem vários registros de TAC, deve ser forçado a migrar para ETC, com todas as obrigações, fiscais e trabalhistas. É preciso deixar claro, TAC é TAC e ETC é ETC. O Ministério do Trabalho deve criar meios de fiscalizar a falta de registro em CTPS dos trabalhadores no TRC, principalmente os que dirigem veículos com registro de TAC na ANTT e não são os donos destes veículos.
Deve somente conceder novos registros para transportadores se o interessado provar que tem conhecimento técnico para exercer atividade no setor, que precisa se profissionalizar com urgência. Fazer com que a Lei nº 10.209, ou Lei do Vale Pedágio seja cumprida. Se o Estado é ativo para fiscalizar o que o onera, deve ser também ativo para fiscalizar o que onera o trabalhador.
A criação de cursos técnicos de ensino médio públicos para a formação de Técnicos na Condução de Veículos de Transporte, preparando jovens para se tornarem futuros gestores na condução de veículos de cargas, é algo realmente importante e necessário.
Também é imprescindível a recuperação imediata da malha rodoviária, fiscalização do excesso de peso e da jornada de trabalho, incentivo à iniciativa privada para criação e
manutenção de espaços de descanso, desassociados dos postos de abastecimentos ao longo das rodovias, com controle de entrada de veículos e pessoas, prestação de serviços diversos e com cobrança de valores viáveis. Entendo que as
medidas citadas amenizarão e retardarão o iminente colapso.
Sra. Presidente, Sr. Ministro, é preciso olhar o TRC com imensa atenção, já que este representa mais de 61% de toda carga transportada, de acordo com a CNT, e seu fortalecimento é crucial para o Brasil.
Muito obrigado.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Novamente é dezembro... - Publicado em Rodovia Brasil Caminhoneiro Nº 21 dezembro 2015

Outra vez estamos em dezembro, época de férias, estradas cheias, muita festa, bebidas, e lógico, acidentes. E você parceiro, está pronto para dirigir defensivamente, protegendo a sua vida e a das pessoas que estão ao seu redor?
Dirigir defensivamente é dirigir com segurança, obedecendo as leis de trânsito, evitando envolver-se em situações de risco e em acidentes. É defender-se dos atos inseguros dos outros motoristas e das condições adversas do meio ambiente.
Em termos absolutos, o Brasil é 4º país do mundo com maior número de mortes no trânsito, ficando atrás somente da China, Índia e Nigéria.
Estima-se que em 2.013, mais de 42.000 pessoas morreram nas estradas brasileiras, número superior às mortes ocorridas no SUS, Sistema Único de Saúde, e você motorista profissional, tem obrigação de mudar este quadro. É como se caíssem quatro aviões de grande porte todas as semanas, e grande parte dos mortos, são profissionais do volante, que ganham e perdem suas vidas nas estradas.
Quando estamos dirigindo, devemos levar em consideração três pontos, veículo, via e meio ambiente, e sempre nos perguntar: estamos adaptando as nossas ações às características do veículo, às condições de trânsito, do clima e às nossas condições pessoais?
Um ponto que deve ser evitado é o excesso de confiança, existem estatísticas que mostram que motoristas muito familiarizados com o veículo que conduz e com a via em que está trafegando está mais sujeito a envolver-se em acidentes do que motoristas que não estão familiarizados com o veículo e com a via.
Verifique, antes de iniciar a viagem ou a jornada de trabalho, as condições do veículo, checando estado dos pneus, luzes, amarração da carga, carroceria, freios, apara barro e documentação do veículo e da carga.
Faça uma autoanálise de seu estado geral, fadiga, ingestão de álcool ou substâncias psicoativas como drogas ou remédios que possam alterar seus reflexos, ou sua capacidade de tomada de decisão e também de sua condição geral de saúde, e se existem alterações motoras ou de algum órgão dos sentidos, principalmente a visão, e nunca assuma o volante caso existam alterações. Mantenha seus olhos em movimento, não fixe seu olhar em um só ponto.
Dirigindo, mantenha distância segura do veículo que segue a sua frente, e no caso de problemas climáticos como chuva, neblina, garoa, granizo ou ventos fortes, diminua a velocidade e aumente ainda mais a distância. Respeite os limites de velocidade, lembre-se, além de ser inseguro trafegar acima dos limites, o consumo de óleo Diesel também aumenta, e com o preço do óleo, economia sempre é a melhor opção.
Acostume-se a usar faróis baixos mesmo durante o dia, lembre-se, faróis baixos são muito mais para que seu veículo seja visto do que para que você possa ver. Faróis altos somente em locais e situações que não atrapalhe outros veículos. Pisca-alerta somente para veículo parado.
Especial cuidado com as ultrapassagens, que deverão ser feitas sempre pela esquerda e em locais que permitem esta manobra. Verifique, antes de iniciar uma ultrapassagem, os veículos que seguem atrás de você, tenha em mente que eles podem estar iniciando a mesma manobra.  Tenha certeza que seu caminhão tem potência suficiente para completar a manobra de forma segura.
Sinalize a intenção de ultrapassar e o retorno à sua pista, deixe uma distância lateral de segurança, lembrando que para ultrapassar bicicletas, esta distância deve ser de no mínimo 1,5m. Facilite sempre quando você estiver sendo ultrapassado e tenha cuidado com veículos coletivos parados em pontos.
Tenha sempre um comportamento pró ativo, busque sempre conhecimento e informação, reveja atitudes e hábitos, atue preventivamente no trânsito, influencie outas pessoas através de seus exemplos.
Não aceite provocações de outros motoristas, não aceite entrar em disputas, lembre-se sempre, você é um motorista profissional de veículo de grande porte e tem a obrigação de proteger os veículos de pequeno porte que estão ao seu redor.
Assim, você chegará seguro ao seu destino e evitará problemas.
Até mais, proteção divina a todos, nos encontramos na próxima edição.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

O Sonho das áreas de descanso - Publicado em Rodovia Brasil Caminhoneiro edição 17

João já estava dirigindo por 18 horas seguidas, parando somente cerca de 30 minutos para almoçar.
Como já passava das 21h00, João resolveu parar no próximo posto para tomar um banho, comer alguma coisa e dormir por algumas horas.
Ele sabia que encontrar lugar para encostar a carreta seria tarefa difícil, já que muitos paravam antes do anoitecer, lotando os pátios dos postos.
Ele sabia também que havia um grande posto a alguns quilômetros a frente, e seria exatamente lá que ele tentaria a sorte.
De longe ele avistou o totem do posto e João se sentiu animado. Ligou a seta a direita, sinalizando sua intenção de sair da pista.
Metros depois notou que o único lugar disponível seria na entrada, fazendo com que parte da carreta ficasse no acostamento. Melhor assim pensou João, pela manhã bastaria uma pequena manobra e ele conseguiria sair, e de quebra ficaria livre do pagamento da estadia.
Mesmo sabendo que estaria sujeito a multa, João encostou, pegou sua toalha, sabonete, escova de dente e seguiu para o banheiro. Poucos metros antes de entrar, João viu o aviso, escrito com letras vermelhas em uma tabuleta branca, banho R$10,00.
João sabia que era caro, mas, naquela altura, fazer o que? O jeito era pagar. Tomou banho e seguiu direto para o restaurante, esperando, pelo menos, encontrar algo decente para comer. Sentou-se a mesa, chamou a garçonete, que já chegou avisando que depois das 21h00 só estava disponível o prato feito, que era composto de arroz, feijão, carne assada, macarrão e salada, e que custava R$18,00.
João pediu o prato feito e o devorou, apesar de que estava quase frio e a carne estava dura e seca, acompanhado de uma cerveja. Pagou a conta, foi para a cabine, puxou as cortinas e quase instantaneamente pegou no sono e sonhou...
Naquele sonho, João dirigia por uma estrada muito bem cuidada, e logo adiante havia uma praça de pedágio. João encostou na cabine e pegou o cartão vale pedágio que a empresa lhe entregou juntamente com o recibo de adiantamento de frete, cujo valor foi depositado na sua conta corrente. A mocinha que estava na cabine pegou o cartão, passou na máquina e emitiu o recibo, que entregou ao João juntamente com o cartão. João pensou que era muito bom andar por uma estrada tão bem cuidada e poder pagar o pedágio sem burocracia, e o melhor, pago pelo embarcador.
João continuou sua jornada, e depois de alguns minutos recebeu um aviso pelo rastreador que sua jornada de trabalho encerraria em 30 minutos, pois ele já havia dirigindo às 8 horas regulares e a 1h30 extra que a nova Lei dos Caminhoneiros  permitia, e a parada era obrigatória.  Como o rastreador era combinado com GPS, João não precisava fazer qualquer anotação, já que o controle das paradas era feito automaticamente, assim como as sugestões dos locais de parada. Apesar de nunca ter passado por esta estrada, o GPS informou ao João que havia uma área de descanso 20 quilômetros a frente.
João percorreu a distância, e de longe avistou o totem da empresa que administrava a área de descanso. João sinalizou a intenção de sair da pista, entrou a direita e encostou na entrada da área. Haviam cabines que registravam a entrada de todos os veículos, sendo obrigatória a apresentação dos documentos do veículo, dos motoristas e acompanhantes se fosse o caso.
Rapidamente o rapaz da cabine digitou os dados de João no computador, digitalizou seus documentos, pegou o cartão do banco de João, introduziu em uma máquina e perguntou a João se o pagamento seria efetuado no crédito ou no débito. João preferiu o débito, digitou sua senha e recebeu de volta seu cartão, os documentos juntamente com o recibo e a indicação do lugar destinado à carreta do João.
Como o pátio era muito bem sinalizado, João encontrou o lugar sem dificuldades, encostou a carreta no lugar determinado, pegou sua toalha, sabonete e escova de dente e desceu da cabine.
Aquela área de descanso, além de ampla, era segura, já que somente os funcionários podiam ter acesso as áreas internas, e todos estavam identificados por crachás.
João chegou ao banheiro, escolheu um box e tomou seu banho, cujo valor já estava incluído no valor pago na entrada. O banheiro era absolutamente limpo e o chuveiro permitia um banho reconfortador.
João saiu do banho, e conectou seu celular a rede Wi-Fi com acesso a internet de alta velocidade, verificou seus e-mails e mandou uma mensagem para sua mulher via Facebook.
João voltou para a carreta, pegou algumas roupas que estavam sujas e se dirigiu a lavanderia, cujo uso também estava incluído no preço de pernoite. Lavou e secou suas roupas e as levou de volta a carreta.
Foi para o restaurante 24 horas, e se serviu no buffet de arroz, feijão, batatas cozidas, bife enrolado e salada. Ao sentar a mesa, uma garçonete perguntou a João o que ele iria beber. João escolheu um suco de manga, já que bebidas alcoólicas não eram vendidas por ali.
Terminado o jantar, João passou pela sala de TV, de jogos e pela academia de ginástica, que contava com uma série de aparelhos e instrutores 24 horas.
Naquela área também estavam disponíveis borracharia, oficina mecânica, loja de acessórios, mini mercado e barbearia, que cobravam preços justos, pois ninguém queria explorar quem sustenta todos os que ali trabalham, os caminhoneiros.
Enfermaria e médico também estavam disponíveis e aptos a atenderem emergências, inclusive com ambulância UTI 24 horas.
João caminhou um pouco pelas áreas internas e resolveu dormir. Se dirigiu a sua carreta e notou o sistema de câmeras, que registravam toda a movimentação, e os seguranças em pontos estratégicos. Notou também a alta cerca, com alta tensão, que impedia qualquer tentativa de invasão externa.
João entrou na cabine, puxou as cortinas e dormiu sem preocupações, já que ele estava seguro.
João acordou um pouco zonzo com alguém batendo na porta de seu caminhão, puxou a cortina e deu de cara com um policial. Abriu a janela, cumprimentou o policial que lhe entregou uma multa, João acabava de ser multado por estacionar parte da carreta no acostamento.
João ainda tentou conversar com o policial, mas não teve acordo. Foi ao banheiro, lavou o rosto, escovou os dentes, voltou ao seu caminhão e iniciou a viagem sem sequer tomar um café, pensando como seria bom se seu sonho fosse realidade e naquela maldita multa...
Quem sabe um dia João...

Proteção divina povo da estrada, grande abraço, nos encontramos na próxima edição.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Caminhoneiros, greve e tabela de frete, essa é a solução?

No dia 19 de abril, portanto, quatro dias antes da reunião das lideranças que representam a classe dos caminhoneiros autônomos com representantes do governo federal, que aconteceu no dia 22 do mesmo mês, eu disse que não acreditava no sucesso da aprovação de uma tabela única de fretes para o país inteiro, independente do ponto de partida e de destino das cargas.
Para minha surpresa, a não aprovação foi em função de que, criar uma tabela de frete feria a Constituição Brasileira, portanto, estava fora de questão.
Não sou advogado e tampouco economista, mas, os mais de trinta anos em que trabalho e estudo o transporte rodoviário de cargas permitem que eu tire as minhas conclusões, conforme abaixo descrevo.

Frete é tarifa?

Segundo o Dicionário Michaelis, a definição para tarifa é a seguinte:
“ta.ri.fa
sf (ár ta’rîfa) 1 Tabela de direitos a que estão sujeitas as mercadorias importadas e exportadas. 2 Registro que indica o valor corrente da moeda. 3 Tabela que registra o valor ou o preço de uma coisa. 4 Tabela dos preços de transporte de cargas por qualquer via: Tarifa ferroviária, rodoviária. 5 Tabela de valores cobrados por correspondência e volumes remetidos pelo correio. 6 Catálogo de mercadorias, com preços correntes por unidade ou espécie; lista de preços. Segundo a tarifa: segundo as praxes legais ou o costume. T. pública: tarifa cobrada pelos serviços públicos, como fornecimento de energia elétrica e água, correios etc.”.
Portanto, o frete do TRC é tarifa, e isso não se discute, porém, não cabe ao Estado o controle de preços, já que não se trata de serviço público, como o transporte coletivo, por exemplo, cabendo ao mercado a definição dos valores, e nesse ponto, concordo com os representantes do governo.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, afirmou logo após o encontro:
"A tabela impositiva está descartada. Na nossa opinião, ela não dispõe de autorização constitucional e é impraticável devido à enorme diferenciação de variáveis que envolvem a atividade, como a qualidade do caminhão, da carga e das estradas". Completou ainda o ministro,  "Já a tabela referencial que propomos está sendo construída com cuidado e deve servir como referência para a formação de preços dos contratos de frete, garantindo o equilíbrio dos contratos".
No dia 24 de abril, o Diário Oficial da União publicou a resolução 4.681 da ANTT, que resolve regulamentar o procedimento para divulgação de Parâmetros de referência para Cálculo dos Custos de Frete do serviço de transporte rodoviário remunerado de cargas por conta de terceiros.
A tabela apresentada pelos representantes dos caminhoneiros é única, não importando o ponto de partida e o destino da carga, o que, na minha modesta opinião, vai contra um dos pilares da economia, a Lei da Oferta e Procura, portanto, é querer fazer com que a água suba o morro ao invés de descer, não faz sentido.

O problema do PIB brasileiro

Um dos maiores problemas do Brasil é a distribuição desigual do PIB, o que obriga o envio de grandes volumes de mercadorias do Sul e Sudeste em direção ao Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sem que existam os mesmos volumes em sentido inverso, causando assim, um desequilíbrio de veículos, que muitas vezes, ficam dias parados a espera de cargas, ou retornam com fretes que não cobrem os mais básicos custos.

Em 2.013, a distribuição do PIB ficou conforme a tabela abaixo.

Região
Soma de PIB (em bilhões de reais)
%
Centro-Oeste
395,00
9,56%
Nordeste
578,00
13,99%
Norte
194,50
4,71%
Sudeste
2.294,00
55,51%
Sul
671,00
16,24%
Total Geral
4.132,50
100,00%

O Sul e Sudeste representam 71,75% do PIB brasileiro, e as outras regiões, 28,25%.
Esta diferença fica ainda mais agravada se levarmos em consideração que Sul e Sudeste representam apenas 17,63% do território brasileiro, e as regiões restantes, 82,37% conforme tabela abaixo.

Região
Território
%
Centro-Oeste
1.606.371
18,87%
Nordeste
1.554.257
18,25%
Norte
3.853.327
45,25%
Sudeste
924.511
10,86%
Sul
576.409
6,77%
Total Geral
8.514.875,00
100,00%
Fonte: IBGE Brasil em números, 2011

Devemos ainda levar em consideração que na região Centro-Oeste, grande parte de seu PIB é formado pelo agronegócio, já que a região produz 41% dos grãos brasileiros, que são escoados parte por transporte ferroviário, e parte por caminhões graneleiros, que muitas vezes trabalham com ciclo perfeito, levando adubo ou fertilizantes em um sentido e voltando com grãos no outro, deixando parados os baús, necessários para o transporte de alimentos dos estados do Sul e Sudeste para a região.
Na região Norte, a exceção é o Estado do Amazonas, que tem o ciclo invertido em função da Zona Franca de Manaus, já que, devido a sua baixa densidade demográfica, exige pouca carga saída do Sul e Sudeste e necessita de grande volume de caminhões, sobretudo baús, saindo em direção às outras regiões. Já o Pará tem seu PIB reforçado em função da produção de minério de ferro, que é movimentado exclusivamente pelo modal ferroviário, sendo comum, caminhões ficarem dias parados aguardando carga. Os outros estados da região também apresentam sérios problemas de desequilíbrio no TRC.
Na minha visão, o maior problema são os estados do Nordeste, cuja população passa dos 50 milhões e dia a dia aumenta sua renda, exigindo cada vez mais volume seguindo para a região, sem que as cargas oriundas daquela região cresçam na mesma proporção.

Problema insolúvel?

 Entendo que a tabela apresentada pelos caminhoneiros peca em alguns aspectos:
Não é concebível existir um preço único para o frete em qualquer origem e destino, seja em toneladas, número de eixos ou km rodado. Esta prática tornaria muitos negócios inviáveis, sobretudo nos estados do Nordeste e Norte, que só conseguem sobreviver vendendo parte de sua produção para o Sul e Sudeste,  aproveitando o retorno dos veículos. Pode parecer pouco, mas uma quebradeira de pequenos negócios na região causaria uma séria baixa nos postos de trabalho e consequentemente, na renda.
Por outro lado, entendo que uma tabela, desde que bem feita, serviria de referencia para a maioria esmagadora dos autônomos, os mais prejudicados. Esta tabela deve considerar origem e destino para, a partir destas informações, compor o valor referenciado, portanto, o valor deve cobrir os custos e proporcionar lucro, já que é impossível trabalhar de graça, mas, é preciso mais, é preciso trabalhar em 3 frentes.

Cabe ao Estado:

Renovar a frota com urgência, com juros subsidiados com longos prazos de pagamento e primeira parcela somente seis meses após recebimento do veículo e implemento. O BNDES existe para impulsionar negócios dentro do Brasil, e o transporte deve ser levado a sério. A idade média da frota nas mãos dos autônomos é superior a 17 anos, e quanto mais velho é o veículo, maior o custo para mantê-lo rodando, portanto, os mais velhos devem receber o benefício primeiro.
A ANTT deve rever todos os registros de TAC. Entendo que TAC deve ser dado somente para autônomos, portanto, só é possível ser autônomo quando se tem um único veículo e o motorista é o proprietário. Somente deveria ser concedido um registro de TAC por CPF. Se um único CPF tem vários registros de TAC, deve obriga-lo a migrar para ETC, com todas as obrigações, fiscais e trabalhistas, é preciso deixar claro, TAC é TAC e ETC é ETC.
Ministério do Trabalho deve criar meios de fiscalizar a falta de registro em CTPS dos trabalhadores no TRC, principalmente os que dirigem veículos com registro de TAC na ANTT e não são os donos destes veículos.
Somente conceder novos registros para transportadores se o interessado provar que tem conhecimento técnico para exercer atividade no setor. Não é possível alguém, que nunca trabalhou no setor, ganhar um capital e resolver que vai “comprar um caminhão”. Normalmente, este tipo de atitude provoca séria queda nos valores de frete. É preciso profissionalizar o setor com urgência.
Fazer com que a Lei nº 10.209, ou Lei do Vale Pedágio seja cumprida. O Estado não pode ser omisso nesta questão. Se o Estado é ativo para fiscalizar o que o onera, deve ser também ativo para fiscalizar o que onera o trabalhador.
Criação de cursos técnicos de ensino médio públicos, para a formação de Técnicos na Condução de Veículos de Transporte, preparando jovens para se tornarem futuros gestores na condução de veículos de cargas. Matérias como: mecânica, educação no trânsito, legislação de trânsito, primeiros socorros, noções de projeto geométrico de rodovias, pesos e capacidade de veículos de carga, cidadania, física aplicada a veículos de grande porte, legislação fiscal e tantas outras necessárias para os profissionais do setor, inclusive, subsidiando sua CNH.
Incentivo a abertura de indústrias nos estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sobretudo as de transformação de produtos do agronegócio.
Recuperação imediata da malha rodoviária, fiscalização do excesso de peso e da jornada de trabalho, incentivo à iniciativa privada para criação e manutenção de espaços de descanso, desassociados dos postos de abastecimentos ao longo das rodovias, com controle de entrada de veículos e pessoas, prestação de serviços diversos e com cobrança de valores viáveis.

Cabe aos autônomos:

Conhecerem os custos fixos e variáveis dos seus veículos, não aceitarem cargas se os valores dos fretes não permitirem lucro, cobrarem o cumprimento da Lei 10.209, não carregarem excesso de peso, cumprirem a jornada de trabalho legal, não usarem drogas, álcool ou substâncias ilegais antes ou durante a jornada de trabalho, dirigirem com cautela e defensivamente, protegerem os veículos de menor porte, cumprirem a lei e cobrarem as autoridades.

Cabe aos empresários:

Pagarem valores justos aos agregados ou outros transportadores que carreguem em suas empresas, não sonegarem impostos, incentivarem seus empregados ao cumprimento das leis, pagarem valores justos de salários, cobrarem as autoridades e incentivarem a cultura.

Entendo que simplesmente criar tabelas é relativamente fácil, difícil é preparar o TRC para o futuro, portanto, trabalhadores, empresários e Estado precisam se unir para que, em 5 ou 6 anos, o Brasil possa viver realidade diferente da que vivemos hoje.